Os relatórios de sustentabilidade são fundamentais para empresas que desejam mostrar compromisso com o meio ambiente, sociedade e governança.
Em 2025, ter transparência nas práticas ESG não é apenas bom para a imagem: isso pode influenciar acesso a financiamentos e parcerias estratégicas.
Além disso, normas como CSRD exigem conformidade mínima na Europa, e frameworks voluntários como GRI e SASB garantem credibilidade global.
No contexto atual, vemos:
- Crescente exigência dos investidores por informações ESG confiáveis;
- Adoção de frameworks globais integrados, como ISSB e CSRD;
- Empresas brasileiras se preparando com olhos no mercado internacional .
Com isso, entender cada padrão, GRI, SASB, ISSB e CSRD, é essencial para alinhar estratégia, transparência e performance.
GRI – Global Reporting Initiative
O GRI é o framework voluntário mais usado no mundo para relatórios de sustentabilidade. Lançado em 1997, hoje mais de 10.000 organizações, incluindo 78 % das 250 maiores, utilizam essa metodologia.
Quando usar o GRI?
- Se a empresa precisa relatar amplamente impactos ambientais, sociais e econômicos;
- Quando há foco em stakeholders como comunidades, fornecedores, colaboradores e clientes;
- Se a estratégia ESG é voltada para impacto global e narrativa transparente.
Vantagens e limitações
Vantagens:
- Alto engajamento de stakeholders.
- Estrutura modular: universal, setorial e temática.
- Reconhecimento mundial, com comparações consistentes entre empresas
Limitações:
- Pouco foco em dados financeiros.
- Pode gerar relatórios extensos e menos objetivos em indicadores quantitativos.
SASB – Sustainability Accounting Standards Board
O SASB foca diretamente em critérios financeiros. Criado em 2011, tem padrões específicos para 77 setores e indica os tópicos ESG mais relevantes para cada indústria.
Aplicação setorial e financeira
- Indicado para empresas que buscam integrar informações ESG em relatórios financeiros.
- Ideal para investidores interessados em riscos sustentáveis diretamente ligados à performance da empresa.
Benefícios e desafios
Benefícios:
- Alta comparabilidade setorial e clareza em métricas financeiras .
- Ferramentas objetivas e quantitativas.
Desafios:
- Menor abrangência de impactos sociais ou ambientais que não afetam diretamente o resultado financeiro.
- Limitação a temas financeiramente materiais.
ISSB – International Sustainability Standards Board
Criado pelo IFRS em 2021, o ISSB surgiu para consolidar padrões como TCFD, CDSB e SASB, focando em relatórios informativos para investidores.
Padrão global e comparabilidade
- Padronização IFRS S1 (geral) e S2 (clima) lançados em 2023.
- Foco em “single materiality”: impactos que afetam valor financeiro
- Colaboração com GRI garante interoperabilidade entre frameworks
Vantagens
- Adoção voluntária global, mas tendência de regulamentação futura.
- Preferido por investidores buscando ESG integrado ao desempenho financeiro.
- Brasil foi pioneiro a permitir uso voluntário via CVM em 2024 e obrigatório em 2026 pelo IFRS S1 e S2
CSRD – Corporate Sustainability Reporting Directive
O CSRD é uma diretiva obrigatória da UE desde 2023, apoiada pelos padrões ESRS da EFRAG.
Impacto legal e objetivos
- Exige double materiality: impactos no ambiente e sociedade e como isso afeta a empresa.
- Envolve asseguração externa desde 2025.
- Será aplicado progressivamente a grandes empresas europeias e estrangeiras operando na UE.
O que as empresas brasileiras precisam saber
- Mesmo não sediadas na UE, empresas atuando lá podem precisar adotar CSRD/ESRS.
- Obrigação de relato seguir ESRS, com foco claro e padronizado.
- Exige auditores e garantia de dados, tornando o relatório mais confiável — mas também mais custoso.
Comparativo prático: GRI, SASB, ISSB e CSRD
Critério | GRI | SASB | ISSB | CSRD |
Materialidade | Social e ambiental | Financeira | Financeira | Dupla |
Regulado | Voluntário | Voluntário | Voluntário (regulado via CVM) | Regulamentado na UE |
Foco | Stakeholders | Investidores | Investidores | Stakeholders + investidores |
Setorial | Setores gerais | 77 setores específicos | Setores amplos | Setores gerais (ESRS) |
Asseguração de dados | Recomendado | Recomendado | Recomendado/esperado | Exigido |
Como escolher:
- Pense nos stakeholders: investidores se importam mais com ISSB/SASB; comunidade, governo e clientes valorizam GRI.
- Avalie exigência legal: CSRD para empresas na UE; ISSB para abertas no Brasil via CVM.
- Coordene frameworks: use interoperabilidade GRI + ISSB.
- Recursos internos: CSRD exige peritos e auditoria; GRI e SASB são mais “fazíveis” para PMEs.
Escolher entre relatórios de sustentabilidade envolve alinhar os objetivos da empresa com as expectativas dos stakeholders, regulamentações e recursos disponíveis.
- GRI: ideal para visibilidade e abrangência social-ambiental.
- SASB: foca em dados financeiros setoriais para investidores.
- ISSB: traz credibilidade internacional com foco financeiro, reforçado no Brasil pela CVM.
- CSRD: representa o padrão mais rigoroso em matéria de ESG, exigido por lei na UE.
Veja também: Os Principais Desafios da Sustentabilidade no Setor Empresarial
Para 2025, a melhor estratégia é adotar mais de um framework, garantindo conformidade legal, transparência e competitividade.
Se sua empresa está no Brasil, a combinação de GRI + ISSB já é um ótimo ponto de partida.
Se atua na Europa, é essencial garantir também a conformidade com CSRD/ESRS.